Cogitaram Mel Gibson para o novo filme da franquia, mas seus problemas com álcool o impediram de pegar até mesmo um papel coadjuvante ou ao estilo piscou-perdeu. Na rede lançaram que se ele tivesse voltado ao papel do perturbado Max o filme se chamaria Mad Max – Estrada do Fuhrer, em referência às polêmicas antissemitas que o ator se envolveu nos últimos anos.
Mad Max – Estrada da Fúria (Mad Max – Fury Road) vem 30 anos depois da trilogia original, pois o primeiro lançado foi lançado em 1979, o segundo em 1981 e o Além da Cúpula do Trovão em 1985.
Mas se você não foi fã da trilogia original, assistindo as reprises na sessão da tarde (quando a censura ainda permitia filmes desse naipe durante a tarde), não tem problema, Estrada da Fúria possui diversas referências aos filmes antigos, mas o roteiro permite que qualquer um entenda o que se passa e que tenha noção de um passado que atribuiu o Mad (louco, insano) ao personagem principal.
Porém, nesse novo filme temos uma personagem que rouba a cena assim que rouba do vilão Immortan Joe, um tirano com a figura de líder messiânico, um caminhão levando suas mulheres sadias, progenitoras de War Boys. Essa mulher de ousadia era a sua general conhecida como Imperatriz Furiosa, você deve conhecê-la como Charlize Theron, a linda sul-africana que aqui está de cabeça raspada e com um braço mecânico.
Com a captura de Max logo no início e o roubo de Furiosa começa uma perseguição que lembra muito o segundo filme. Vale lembrar que o mundo está numa fase pós-apocalíptica, quase que totalmente desertificado, a escassez de água e combustíveis fósseis mantém um ambiente de conflitos constantes entre gangues que se locomovem pelos desertos com caminhões e carros tunados e blindados.
O curioso do novo filme que muitos admiraram não é a personagem de Theron eclipsar o Max interpretado por Tom Hardy, mas sim pelo motivo dele ser calado e com poucas falas. Recentemente descobri que o argumento original da estória vem de um roteiro de história em quadrinhos sem falas, e isso era percebido na trilogia original, em Mad Max 2 Mel Gibson tem apenas 16 falas.
E há um momento no filme que torna possível a aceitação da personagem e seu papel mais forte (como se sua ótima atuação não bastasse), quando ela diz ao Max: “Você não é único que se tornou louco”
E sim meus amigos, o mundo de Max é um prato cheio para se perder a sanidade mental. Quase não há mais identidade histórica da humanidade. Não é aquele clichê de dizer que os valores estão invertidos, na verdade o estão deturpados. Diante da necessidade de manterem as máquinas potentes e agressivas há o Culto do V8 cujo volante é um símbolo estendido em sinal de temor. Muitos dos crentes esperam um dia participar no paraíso Valhala do McBanquete, e os mártires da estrada pedem atenção para o ato final, podendo ainda ser considerado como “medíocre!” pelas testemunhas.
Ah, o comboio principal da perseguição tem uns doidos mantendo um incentivo ao combate, rock como marcha militar, a trilha sonora do longa torna toda a aventura mais empolgante.
George Miller disse que não pretende realizar outro filme da franquia, mas boatos vazaram de que ele tem dois roteiros prontos para uma possível continuação. E considerando que no mundo do cinema nada tem um fim definitivo, pode ser que ele passe a loucura para outra pessoa, tal como diz em suas entrevistas um comparativo ao personagem Max Rockatansky como o James Bond.
Particularmente adoraria ver uma continuação, acho que até não me importaria se demorasse mais algumas décadas, prefiro isso a ter que testemunhar o mundo se tornar nesse pandemônio insano, seco e sem esperança, e eu não curto dirigir, seria um inferno…
Ma’a salama