Não gosto de musicais.
Quem me conhece sabe.
Desde a infância, não via muita graça no momento em que os personagens dos filmes e desenhos da Disney iniciavam as cantorias. Exceções são as Hakuna Matata de O Rei Leão (The Lion King) e Pátio dos Milagres de O Corcunda de Notre Dame (The Hunchback of Notre Dame).
Com essa resistência que ouvia as pessoas que assistiram La La Land – Cantando Estações (La La Land) dizendo que não era um musical do início ao fim.
Com um começo em um congestionamento nas rodovias de entrada para a Los Angeles contemporânea somos introduzidos a dois personagens: Sebastian (Ryan Gosling) e Mia (Emma Watson), ambos buscando uma oportunidade na cidade das grandes estrelas do mundo artístico, ele como um pianista que ama jazz, ela como uma atriz.
O filme explora o vigor com que buscamos e lutamos por nossos sonhos, e a fadiga que tal empreitada nos leva.
Mia participa de diversas audições, buscando a oportunidade de um papel, mesmo que pequeno em um filme ou série, sempre ignorada, mesmo com o talento que a jovem demonstra.
Sebastian aceita tocar em restaurantes, mas lhe privam o repertório, na noite de natal somente as canções natalinas populares (Jingle bells e tals), enquanto seu interior clama por algo mais profundo.
O diretor Damien Chazelle é o mesmo de Whiplash, que também concorreu ao Oscar há dois anos. E assim como Whiplash, La La Land tem em pauta a tentativa de salvar o jazz, o tradicional, aquele nascido numa pensão apertado de Nova Orleans, com ouvintes que falavam cinco idiomas distintos e talvez por esse motivo apreciavam a música por ser a forma que os unia.
Dividido em capítulos nomeados com as estações do ano, acompanhamos o casal que vai se envolvendo em romance não muito meloso como poderia se esperar de um musical como bem lembrava Moulin Rouge, mas algo mais pé no chão e paralelo ao nosso tempo.
O cerne que é a busca dos sonhos e aceitação de alguns sacrifícios necessários não cansa também, e por um momento até esqueci que era um musical.
La La Land é um filme legal, gostoso de assistir, mas a minha indicação é de que não vá assistir pensando no recorde de 14 nomeações à estatueta dourada (empatou com A Malvada (All About Eve, 1950) e Titanic (1997)).
Todo o alarde é um efeito superestimado, exteriorizado pela academia que viu toda a magia de Hollywood expressa em notas e passos de dois sonhadores.
Ma’a salama