É hoje.
Na gloriosa noite rolará em terras nortenhas no teatro Kodak a 87ª cerimônia do Oscar.
Como previsto pelos meus poderes maometanos não consegui assistir a todos em tempo.
Ficou de fora Boyhood, O Grande Hotel Budapeste e A Teoria de Tudo.
Mas os dois últimos, Birdman ou A Inesperada Virtude da Ignorânica (Birdman or The Unexpected Virtue of Ignorance) e Whiplash Em Busca da Perfeição foram fodásticos.
Em Whiplash, com um roteiro simples e poucos atores famosos, acompanhamos a história de um baterista buscando o reconhecimento profissional frente a um maestro que é um Steve Jobs do mundo da música.
Não é preciso ser músico, na verdade, a sugestão da busca pela qualidade e fama em um trabalho expresso no longa poderia ser aplicado em qualquer área, mas é lógico, o lado ruim da moeda é o que mais fica exposto e rimos e sentimos a dor do pobre baterista.
Já Birdman foi o típico filme que mesmo diante de tanto blá-blá-blá, arrisquei ver sem ler a sinopse, surpreendente é o roteiro encharcado de meta-ficção, com os paralelos da vida real de Michael Keaton e seu antigo papel como o homem-morcego nas mãos do Tim Burton. Nada muito direto, mas não é difícil ligar os pontos.
Como sou chato receptivo para filmes-arte a história foi o melhor para se assistir no carnaval, mas acredito que se alguém tentar a sorte para assisti-lo do mesmo modo que eu pode odiar se estiver na expectativa de um filme de super-herói com muita aventura e explosões.
O filme é na verdade uma crítica à avalanche industrial de filmes-pipoca que o cinema vem produzindo, mesmo que as cifras representem a alegria dos grandes executivos de Hollywood.
Até o estilo das filmagens pode torcer os beiços daqueles acostumados com vários cortes e repasse de imagens. A maioria das sequências são contínuas, tal como fosse uma peça teatral e essa referência é mais intricada quando o que assistimos são ensaios para uma peça que rolará na Broadway e que fala de amor e traição.
Se alguém espera um filme no naipe de Os Vingadores (The Avengers) e for ao cinema e ainda assim adorar a crítica filosófica que o próprio personagem fantasiado e imaginário que perturba Michael Keaton diz olhando direto para nós:
“Eles amam sangue, amam ação. Nada dessa conversa depressiva e filosófica”
Aí sim, o subtítulo faria jus ao que o diretor mexicano Alejandro Iñárritu quis mostrar.
Birdman e Boyhood são os preferidos de uma par de gente.
Dos que consegui ver Birdman e Whiplash são os melhores, faz da telona mais do que um meio de vender pipoca a preço alto.
Ma’a salama!