Para encerrar a série de Post-Scriptums eis a parte 3.
Como havia dito antes, Mil Lances de Fogo é um livro com muitas referências e detalhes que podem ter passado despercebidos. Mas neste post não falarei sobre o que estava oculto e sim, o que motivou a criação da estória.
Antes de Mil Lances de Fogo eu já havia escrito outras coisas. Uma trilogia de ficção fantástica e alguns contos, para ser mais preciso.
Desde os meus quinze anos tentava publicar essa trilogia, hoje engavetada e disponível apenas para amigos. No início houve muitas recusas de editoras por considerarem arriscado bancar uma trilogia de um escritor iniciante e que nem havia terminado o colegial.
E depois de várias tentativas cheguei a conclusão de que aquela trilogia não seria a minha estreia. Então, decidi escrever alguma outra estória.
Ideia vai, ideia vem e um monte de estórias estranhas e absurdas borbulhavam em minha mente.
Toco Loco foi uma delas. E quando imaginei estórias suficientes para uma escolha decente percebi de que todas não me agradavam.
Exatamente.
Eu odiava as estórias criadas naquela pressão de escritor fracassado (onde o fracasso surge antes mesmo de ser publicado…). Cheguei à conclusão de que nenhuma delas faria sucesso. Até que…
“Um escritor brasileiro de renomado sucesso poderia transformá-los em obras reconhecidas. Poderia ter até um fã-clube dedicado a manter todo o material de sua produção. Poderia ser o ídolo de fãs que apreciassem seus livros e até de pessoas psicóticas e obsessivas por suas mensagens subliminares”
Até que nasceu Júlio Monteiro. O famoso escritor de Toco Loco e outras estórias que povoam o miolo de Mil Lances de Fogo.
Para contar as estórias que eu mesmo rotulava como de má qualidade precisei criar uma outra como base, e então usei um conto em que o personagem principal era Ivan.
Quando a estória estava completa eu a li fingindo ser a primeira vez. Mesmo desta forma odiei as estórias criadas por Júlio Monteiro. Mas senti a ironia que queria passar. As estória eram um sucesso naquele universo fictício. Algumas foram adaptadas para o cinema, outras ganharam prêmios internacionais. Júlio Monteiro se tornou um dos nomes mais importantes da literatura nacional e conquistou isso escrevendo as histórias mais escrotas possíveis, em minha opinião pelo menos.
Após o lançamento eu fiquei ansioso pelos retornos dos leitores. Queria sentir o peso dos elogios e das críticas. Como já esperava certo equilíbrio, não me surpreendi com o resultado. Tem aqueles que adoraram o livro e aqueles que não viram graça alguma.
Mas o que me surpreendeu foi de que houve pessoas que adoraram Toco Loco, onde no romance é o maior sucesso de Júlio Monteiro. Muitas pediram para que escrevesse na íntegra os sete livros.
Eu ria por dentro. Não acreditava que aquilo era possível. Eu não me sentia orgulhoso pelo meu poder criativo, mas por ter influenciado a gostarem do que considerava ser as minhas piores estórias.
Após esses anos, ainda vejo a capa de Mil Lances de Fogo e todo o mistério envolvido em sua estória (ou estórias, se preferir) e sei de que no fim das contas, a estreia teve um efeito positivo. E me sinto a vontade para continuar escrevendo.
Ah, e quanto a ironia, tentarei não repetir, mas não posso prometer…
Ma’a salama!
Muito bom o livro…
Na verdade são inúmeros livros dentro de um só…
Onde tudo se encaixa no final…
Agora fiquei curioso em ler toda a trilogia do ‘Toco Loco’.. rsss
Esse livro e demais, peguei ele para fazer um trabalho e devorei em 1 tarde
.. O triste e que nao capitei sua mensagem oculta, vou ler e reler a estoria, porque preciso fazer um resumo e apresenta-lo. Eu amei, e fiquei com um certo medo, mas depois me surpreendi.. Achei genial, e me interessei pelo livro As Loucuras Da Dama De Cristal, eu sei, tosco, mas nao muda o fato de ter adorado. Enfim, amei, e nao perdi meu tempo quando o li.