Perdido em Marte

“Comédia?”, indagou Ridley Scott ao pegar o Globo de Ouro de melhor filme de comédia desse ano por Perdido em Marte (The Martian).

Adaptado do livro de Andy Weir com um ótimo visual e fotografia que o diretor capricha em cada longa de sua carreira recheada de obras-primas.
O personagem de Matt Damon tem a redenção do papel interpretado em outra obra de ficção-científica, Interstelar, não por uma atuação ruim, mas por motivos que seria deselegante comentar aqui.
O início do filme já nos deixa claro que o homem está em solo marciano, uma equipe bem-humorada trabalhando nas análises do planeta vermelho para uma futura colonização. O astronauta Mark Watney (Matt Damon) é um botânico que estuda as propriedades férteis da nova terra e em entre uma piada e outra sobre sua função junto aos outros membros da equipe uma tempestade se aproxima forçando a todos a abortarem a missão devido a uma previsão incorreta.

Quando a capitã ordena o retorno para e eles formam uma fila com os macacões sincronizados uma antena se descola pela força das ventanias de dióxido de carbono, nitrogênio, argônio e quem sabe algumas gotículas de água, Mark é atingido e seu corpo voa longe dos amigos que apenas recebem um sinal do sistema sincronizado indicando que a roupa foi perfurada e em menos de um minuto sua vida se findaria.
Daí vemos o clima pesaroso do retorno da equipe, um funeral com caixão vazio na Terra organizado pela Nasa, até que… Mark acorda e se vê sozinho em Marte. “Perdido” é um exagero marqueteiro como vários outros subtítulos são trazidos a esse mundo.

E sim, o filme tem muita comédia pra nos distrairmos do destino desolador do pobre coitado, não antes é claro de ter uma cena gore que poderia estar em um filme do Alien.
Quando descobrem que Mark não morreu o enredo se divide em dois calendários: o marciano, em que o astronauta tem que dar jeito de plantar para gerar comida por quatro anos e o nosso calendário, com prazos e recursos realistas, problemas de gestão e prestação de contas (a Nasa é uma empresa pública e exige uma gama de regras de transparência para com os cidadãos).

O Tom Hanks não vem me resgatar

O Tom Hanks não vem me resgatar

 

Vemos a dedicação de Vincent Kapoor (Chiwetel Ejiofor) liderando junto com Teddy Sanders (Jeff Daniels) e Mitch Henderson (Sean Bean; “Não é tão simples assim”) e outros tantos cientistas engajados na missão e o que entrou de bicão com uma solução para o momento final, o jovem Rich Purnell (Donald Glover).
Damon atua de forma tranquila e com muito humor, até demais para a sua situação, a cada problema se esforça para encontrar uma solução, a criatividade deixa de ser aguardada e se torna uma ferramenta do dia a dia.
Quando consegue cultivar batatas em solo marciano se intitula o primeiro colonizador de Marte, amparado por tratados daqui.

Batatas de Marte: o planeta em que o pacote de Ruffles terá mais batatas do que ar

Batatas de Marte: o planeta em que o pacote de Ruffles terá mais batatas do que ar

Há companheirismo, até mesmo um pouco forçado em termos políticos, como a agência chinesa se sensibilizar com a situação e tomar a decisão de ajudar e lançar mão de um projeto de propulsão secreto.

Ok, o filme é sobre a beleza do ser humano se juntar e eliminar as barreiras das linhas imaginárias, afinal, vistas de cima, um astronauta não as enxerga, bem disse uma vez Marcos Pontes.

Ma’a salama

Chega de Dragões!

Alien

Alien

Estava a vasculhar a rede em busca de alguma informação sobre Prometheus 2, a continuação do filme lançado em 2012, cujo título do primeiro se referia à nave espacial a abrigar uma missão interplanetária em busca da origem da vida na Terra e seus criadores, mas quem assistiu ao primeiro sabe que ficou estranho o “2” ao invés de criar um novo título para o seguimento da prequel.
Mas, que seja.
O longa foi muito massa, apesar de algumas lacunas e deixas, e matou a sede de fãs apaixonados pela franquia Alien, ícone da ficção científica com forte apelo ao suspense e terror responsabilizado pelo visual e das artes oriundas do panorama mórbido e onírico do artista plástico suíço H. R. Giger (Hans Rudolf Giger), falecido em maio de 2014.
O que chamou a atenção nas recentes entrevistas foi a declaração do diretor Ridley Scott que disse que o visual emblemático e histórico do cinema já o cansou, tanto ao ponto de que se visse outro dragão novamente “daria um tiro em si mesmo”.
E ainda prometeu que a sequência terá uma nova versão do alien com um visual inteiramente novo e com a pretensão de ser tão assustador quanto ao original, estrelado pela primeira vez em 1979.
Sabe-se lá porque a versão draconiana saturou o olhar do diretor veterano da FC no cinema. Mas acho que toda a tentativa de inovação é válida, deixemos as críticas para quando sair o filme.
O problema é que a expectativa é uma merda, e esse tipo de declaração pode ser puro marketing que exige estardalhaços para vender o peixe.

Pois é Scott, Prometheus tem que cumprir!

Ok, péssima piada, ainda bem que não sou dado a humorista.

 

Ma’a salama!