O título poderia ser suficiente. Mas acho que estaria sendo omisso.
Há muita coisa para se falar a respeito do meu novo livro.
E como disse anteriormente, postarei eventualmente neste blog as novidades picotadas.
Falarei agora sobre como a história é narrada: em primeira pessoa.
O personagem principal detém o poder narrativo. É ele quem dá as cartas. Como a trama é um resgate de memórias, o personagem principal é o ser onisciente do universo ficcional.
O mais interessante de Simplesmente Complexo é que o resgate de suas memórias se torna obrigatório, pois ele sofre de uma amnésia causada por um veneno desconhecido. Estando paralisado/deitado e sofrendo de alucinações, a única coisa que lhe parece interessante é retomar a sua consciência para descobrir o que aconteceu com ele.
Quando comecei a escrever Simplesmente Complexo tive a impressão de que a narração em primeira pessoa seria difícil, pois limita muito o alcance onisciente, sendo que o ponto central seria somente a consciência do narrador, ou seja, se ele não é Deus, então não sabe de todas as coisas.
Foi um obstáculo no início, mas conforme a história foi ganhando forma fui evoluindo e quando me dei conta já podia sentir o personagem principal como um alter ego (no modo literário de se falar…). Muito ajudou também o fato de que as suas lembranças são levadas à tona com um esforço e que nem sempre podem ser cobrados todos os detalhes.
Simplesmente Complexo, por ter como trama esse resgate de memórias, se tornou uma ficção realista. E, fazendo um comparativo um tanto radical, hoje pode-se notar a presença de elementos biográficos nas ficções e em contrapartida muitos detalhes puramente figurativos em biografias. Seria um o detalhe vaidoso do autor e outro um artifício necessário para engrandecer sua obra? Bem provável que sim.
Trecho:
“ Ele era praticamente o irmão que nunca tive. Já passamos por muitas situações difíceis e superamos com a velha e forte amizade.
E como ele me disse, nós ainda éramos amigos. E foi com aquelas palavras que ele me tranqüilizou. Eu podia confiar nele. Por mais irresponsável que eu poderia estar sendo, resolvi confiar nele. Até porque, ele não mostrou nenhum sinal de insanidade nas últimas vinte e quatro horas.”
Ma’a salama!